Agora que todo o alvoroço passou e a visão do cenário devastado que me cerca preenche minha fatigada consciência, a seguinte pergunta me escapa: Por que fiz o que fiz?
Talvez você não queira ouvir minhas palavras, porque é tarde e fui eu quem trucidou suas faunas, poluiu seus rios e murchou as flores que representavam a singular beleza da sua face; logo eu, que um dia foi o porquê de seus brilhos mais sinceros. Mesmo assim, devo confessar meu egoísmo e imaturidade. Por quê? Bom, porque foi necessário ser muito egoísta para preocupar-se mais com a minha concepção de conforto do que com o empobrecimento do seu ar. Se hoje o clima está insuportável, tornando furacões quase diários, é porque quando se pediu cooperação, não cooperei. Foram tantos protocolos e acordos que nem recordo em qual engodo depositamos maior esperança. E enquanto isso, seu pólo norte se derre... Não, EU o derreti; tornando submersas superfícies antes secas, até ao ponto de não reconhecermos mais um ao outro.
Provavelmente, você deve estar se questionando por que repetir coisas já sabidas, uma vez que as palavras produzem erros, não os desfazem. Mas se eu pudesse regressar no tempo – o que é clichê, porém, sincero –, colocaria as suas necessidades à frente das minhas e faria de tudo para frear os óxidos, monóxidos e dióxidos dos interesses gananciosos que ignoraram seu sofrimento.
Não sei o que será de nós daqui pra frente, pois o solo está ferido; e se o ditado alega que “quem ama, cuida”, não venho fazendo a minha parte. Contudo, não me importo mais com os meus porquês. Pode ser tarde demais para pedir outra segunda chance. Mas a vontade de ver tua face irradiada de novo, faz-me crer que não é. Porque, na verdade, nunca se tratou de te amar mais, ou te amar menos. Tratou-se de te amar melhor; melhor do que eu amo hoje.
E eu vou tentar fazê-lo...
Vamos tentar.
Mais uma vez.