terça-feira, 22 de abril de 2014

Palavras

Elas são lindas, elas são problemáticas
Dependendo da dosagem, machucam
Invertendo a intensidade, curam
São enigmáticas

De fonte inesgotável
Brotam-se suas magias
Do mais leve e puro ar
Encontram-se em abundância

Elas me carregam
Me coroam, me alimentam e me cobrem
Confortáveis e quentes são seus aconchegos
Protejam-me da fria chuva, ó rainhas

Em certas ocasiões, suficientes
Em outras, a realidade elas não aparentam
A força que carregam é ambígua e incalculável
Salvam um coração, provocam uma guerra

Dos simpáticos, sua arma mais eficaz
Dos tímidos, Batalham por sua liberdade
Sozinhas, riscos à deriva
Em bando, harmonioso e sonoro mosaico

Vibrações na atmosfera
Tinta no branco de composição química sincera
Como os humanos, às vezes falhas
De quem mais refiro senão das palavras?


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Desajeitados Amantes Yankees, Antes Nobres Eunucos

Quero falar de alguém
A qual um longo cabelo ela tem
Dona de um sorriso em que toda beleza se mostra
E meu coração, a ela, se prostra

Insanidade é acreditar nessas coisas
Da fruta mais tentadora
Pensamentos meus, dos mais simples
Se entregam
À esta tal monopolizadora

Corra!

Não consigo.
Anjo relusente
De brilho encantador
Coloriu de vida
Minha fria e abstrata paleta de cor

Quando fecho os meus olhos
Tu és a primeira coisa que vejo
A segunda, terceira e quarta
Já pela quinta, peço para que não parta

Zumba, zumba meu coração pulsante
Ao ritmo de uma incontrolável emoção vibrante.
De restante,
Só há mais um instante...

Distante.

Pois mortal é
Velejar sobre sua maré
Explorar suas curvas ingrimes
Cidadão, aí tem crime

Chame a polícia!
Temos um caso judicial Yankee
Só não atire
de mim
Oh, querida DDTank

Deve haver tempo para correr
Passo pelo radar a mais de quarenta
Deveriam me multar
Por gostar da garota com mais de 1 e 80

Zumba, zumba. Pare!
É Importante
Esse ritmo incontrolável e vibrante, é repugnante
De restante,
Só há mais um instante...

Miliante!

Policial, peço perdão
Cometi um crime em Conceição
De consequências as quais não advinha
Me ecantei por uma coelhinha

Mas ele me ignora
Não sai da viatura.
Tudo não parece ter conexão
Diga-me, por favor
Que horas são?

Em vão.

Pra quê a pressa, ele perguntou
Fugindo dela, sinhô
Seja mais ligeiro
Hoje mesmo roubaram a namorada de um lolzeiro

Prenda-me, policial
Gostar dela às vezes me faz mal
Estou dopado de alguém que não deveria
Largado numa estrada de única via

Mia!

Aparentemente
Todas as informações procedem
Será que falas sobre ela...
Da-da que todos conhecem?

Até você, oficial?

Rapaz, não me leve a mal.
Para o teu problema, eu não me alinho
Portanto, segue teu caminho
Ou melhor, volta pro lolzinho.

Há uma quizumba em algum orgão pulsante
Maldita emoção vibrante.
De restante,
Me resta ficar ofegante...
Ele se foi, sem olhar para trás
Indo rápido demais, aliás
No horizonte enxergo uma silhueta
Multidão aos gritos e trompetas

Treta.

Perguntam: E a Dada?
Agora eu perdi o controle da situação
Devem ser moradores de Conceição
Buscando Satisfação.

Só pode ser um sonho
Ou talvez pesadelo
Posso voltar ao tempo que
o que me encantava era só o cabelo?

Cercado, constatei
O que fiz é grave
Mas alguém na multidão me fez admirar
Até o irmão dela estava ali pra me quebrar

Ser eunuco nunca me fez tanta falta
Todos aqui parecem odiar gente falsa

Uma voz ao fundo gritou
Já deu o papo?
Respondi
Tá o aço,
até agora, só abraço.

Ao meu lado, resplandece um brilho
Isso me parece tão clichê
Esse perfume e cheiro
Com certeza é você.

Ela aparece
Usando o mesmo encanto que me adoeceu
Sua reação eu não poderia suspeitar
Sua mão nem ao menos consegui beijar

Chibatas, correntes
Olhos Atentos
É tudo assistido e estudado
Isso deve estar sendo televisionado

Trocamos só olhares e sorrisos
Qualquer equívoco e a coisa fica feia
Além do mais, tá tarde
Ela tem que dormir às nove e meia

A vontade é de quebrar a tradição
Ser apenas amigo
Jamais foi minha intenção
para a nossa conclusão

A mina é diferente, é enjoada
Olha ela ali
Se achando descolada
“- Achás bonita?”
“- Não mais do que você”

A multidão, aos poucos, se desfaz.

Talvez tudo tenha sido incompleto
Peças de um quebra-cabeça inacabado
Assim como a história que acabei de contar
A qual somente ela pode continuar.

Do zumba, nada é interessante
Mas meu coração continua pulsante
De uma emoção incessante
e constante
Você.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A Tal Nostalgia Depressiva

Em uma das periódicas arrumações no quarto-de-bagunças, aqui em casa, achei um texto velhíssimo, e incrível, escrito por nada mais, nada menos do que meu pai. E o engraçado disso tudo é que o texto expressa um momento na vida do meu velho muito semelhante ao que eu venho passando...

Após ler, disse:
- Pai, foi o senhor que escreveu este texto?
- Sim. Gostou?
- Achei muito bonito.

Tão bonito que faço questão de deixar registrado aqui. Resgatado de uma pilha de coisas com destino ao lixo, o texto é seco, cru e até depressivo. Mas fala da busca, a qual todos nós estamos dispostos a fazer, porém sem a certeza de que será concretizada. Espero que gostem.

A Busca

Hoje ao acordar relembrei
E, então despertei pra uma realidade
Que foi sufocada pelo passar dos tempos.
Com as mudanças da idade,
Olhei-me no espelho e deparei-me
Com a infância esquecida
Porém relembrada naquele despertar,
Naquele momento
E lembrei-me de todos os sonhos,
Todos os desejos
Que esperava ao menos realizar no futuro,
Mas tudo foi esquecido.
O meu destino foi invertido
Na maioria das vezes por grandes decepções
E vi que sou completamente desconhecido
Estranho e diferente
Da realidade do meu passado.
Não sou um fracassado
Mas os maiores dos meus sonhos quando criança
Não foram realizados.
O mundo não é o que sonhei
As pessoas não são todas iguais
Queria voltar a ser criança
E não voltar a essa realidade 
A qual vivo
Jamais.

A vida é revestida de decepções, e alguns fracassos, que fazem a gente olhar para o passado e desejar voltar ao ponto zero, mas isso não é possível. Ter a vida que você planejou quando era criança (ingênuo) é diferente de ter o presente que você se situa agora. Porém, lembrar que o futuro é o que construímos HOJE preenche de esperança as nossas vidas. 

Abraços.