segunda-feira, 31 de março de 2014

Ânimo, Blindagem e Agasalhos

A vivência do coração é o conhecimento, portanto proteja,
O falecimento do coração é a ignorância, portanto evite.
Sua melhor condição é a genuína devoção, portanto conceda.
Este conselho é o suficiente para você, portanto guarde.
- Al-Ghazali
- Tradução: Matheus F. Machado

sexta-feira, 28 de março de 2014

Um Amor Chamado Magnólia

Assim como a música, o cinema tem um papel importantíssimo em me ajudar a lidar com certas situações da vida. Todos os dias somos expostos à decepções, amor, ódio, gentileza, violência, entre outros bens e males. E é fascinante notar como obras artísticas produzem sentimentos tão intensos em nós. Obviamente, a lista de filmes que, de alguma forma, me ajudaram durante esta minha breve existência é quilométrica, porém há um filme em especial que faço questão de deixar registrado nesse blog a minha admiração.

Linda, cativante, intensa, problemática e apaixonante.

Seu nome: Magnólia

Não me canso de dizer o teu nome, Magnólia


Dirigido e escrito por Paul Thomas Anderson, Magnólia foi o segundo longa da carreira do cineasta. Nele somos apresentados à extensa lista de 9 personagens, residentes da cidade de Los Angeles, e todos com seus problemas, dilemas e traumas. Figuras universais de qualquer lugar no mundo. E que a partir da convivência testemunhamos um estudo de personagens magnifico, descobrimos seus respectivos passados e o que os afligem tanto. 

Quando hoje falo sobre Magnólia, pareço comentar de um antigo amor. Isso porque ela (Magnólia) me proporcionou um mar de emoções, aflição, espanto e admiração. Falou de uma forma pessoalmente brutal comigo, numa época em que eu precisava ouvir não somente um conselho mas um puxão de orelha, algo que poucos filmes conseguiram fazer comigo. Na verdade, Magnólia ainda me aconselha todas as vezes que a revejo. Seja para saber que perdoar é a coisa mais difícil a qual nos propúnhamos quando decidimos co-existir ou saber que podemos possuir muito amor dentro de nós mas, que às vezes, não sabemos onde pôr tanto sentimento. É sempre uma delícia revê-la.

Eu poderia cuspir neste texto as perfeições técnicas do filme e roteiro. Em como seus elegantes planos-sequência são uma atração à parte ou como PTA em seus tradicionais closes invade a natureza de seus personagens. Poderia, também, citar a poesia incorporada em um roteiro repleto de simbolismos e mensagens que vão no pessoal do espectador. Porém, limitarei as minhas admiradas palavras ao que Magnólia representa à mim: Amor.

Numa intensa carga dramática e portado de um humor bastante sútil, o filme traça, e conecta, os acontecimentos nas vidas problemáticas e bagunçadas de seus personagens através de música, vezes do compositor Jon Brion outrora da delicada Aimee Mann, e cinema. Sim, o mais e belo puro cinema. O ponto alto da produção é ser eficaz em desenvolver os momentos delicados e explosivos dos personagens com uma igualdade e ritmo espetacular.

Já perdi a conta de quantas vezes me deparei com situações complicadas da vida e automaticamente me vieram frases do filme como um oásis de reflexões. Basicamente, Magnólia moldou parte do meu caráter:


"We might be through with the past, but the past ain't through with us."

"Dad? You need to be nicer to me."

"What am I doing? I'm quietly judging you."

"I really do have love to give! I just don't know where to put it!"

"I'm sick and I'm in love."

"When the sunshine don't work, the good Lord bring the rain in."

"What most people don't see... is just how hard it is to do the right thing."

E como esquecer do clímax do filme? A redenção. O inacreditável ocorrido que sucede-se após os pontos mais dramáticos de seus personagens. Não serei louco em dar detalhes sobre esta "bizarra" parte. Até porque estragaria a surpresa (espanto), mas prepare-se para uma mensagem forte. Uma sensação de ter feito parte de uma experiência ímpar e especial. E Magnólia é, em sua essência, isso: Mais do que um filme, uma experiência. 

Emocione-se, espante-se e admire-se. E se você achou, acidentalmente, este texto logo após assistir Magnólia, acredite que isso não é uma mera coincidência.

Tente tirar coisas boas de seus problemas. Isso te fará seguir em frente e, o mais importante, aprender.

Abraços.

terça-feira, 18 de março de 2014

Curta-Metragem: Noite de Síndrome

Publico agora a vocês um trabalho que, até hoje, foi o mais difícil ao qual me submeti. A tarefa de realizar um projeto audiovisual requer um grande número de pessoas, e mesmo assim continua sendo um processo complicado. E quando me vi na situação de criar um filme sozinho, fiquei intimidado. Porém, acredito que não fiz TODO o projeto sozinho. E Tais ajudas podem não ter sido diretas, mas mesmo assim foram de grande utilidade. 

Sem dinheiro, sem equipe e com uma câmera de celular. Foi nesse espírito que iniciei o projeto. E em muitos momentos me senti intimidado em relação às circustâncias. Mas o desejo de fazer cinema me inspirou todos os dias e impulsionou a continuidade da produção.

Todavia, procuro não vangloriar este projeto em cima das dificuldades que tive. Vejo que necessito melhorar em diversos apesctos, mas ver o projeto pronto é uma sensação indescritível (Seja qual for a sua qualidade).

Sinopse: Um jovem, antes de dormir, começa a ouvir passos pela sua casa. E em uma busca atrás da origem deste estranho barulho, ele começa a desconfiar se o que está acontecendo é realidade ou síndrome.

Agradeço a todos que me apoiaram!


Obs: Adoraria discutir neste post coisas sobre o workflow do projeto e até mesmo o meu estado psicológico durante a produção. Mas acredito que isso tiraria o foco principal da postagem, que é o vídeo. Então, fica para a próxima.

Um grande abraço!

O Meu Lado Sound Designer

Venho apresentar a vocês duas composições feitas por mim.

O sound design é, também,  uma paixão pulsante em mim. Adoro a ideia de ser capaz de emergir pessoas dentro de um universo/aventura apenas com o som, nada mais. Adorei o resultado final e também gostei muito do processo em si, o de composição. Me senti um verdadeiro maestro redigindo uma imensa variedade de sons. Foi incrivel!

São duas obras bem distintas: A primeira é um trabalho bastante simples, beirando o minimalista, que realizei inspirado numa música de uma banda que sou fã, M83 - "Waves, Waves, Waves"; já a segunda composição é um trabalho bem mais rebuscado de uma perseguição de carros em um universo CyberPunk, inspirada no Nerdcast Especial de RPG, do site JovemNerd.

Aqui estão as obras:



Obs: Todos os créditos necessários são dados no link dos vídeos.

Abraços.



segunda-feira, 17 de março de 2014

Os Sonhadores

Por que é tão difícil querer viver daquilo que ama?

Faço essa pergunta a mim mesmo praticamente todos os dias. E quando aceitei a árdua tarefa de entregar a minha vida em detrimento de um sonho “não convencional”, me deparei com questionamentos e profundas dúvidas quanto ao meu rumo na vida. E tal avalanche de sentimentos é um perigo constante na vida de humildes... Sonhadores. “Será que estou no caminho certo?” é o tipo de pergunta que antecede cruéis crises existenciais e até desistências, pois o caminho quase sempre não é simples e nem rápido.

No momento em que tomei um dos meus plot-twists mais perigosos, alvejar a carreira de cineasta e escritor, serei franco: Não sabia que seria tão problemático. Digo isso porque tal compromisso não é, meramente,  uma simples “decisão para o meu futuro”, e sim algo que me exigiu uma das coisas mais difícies que o ser humano pode se dispor: Sacrifícios. Isso somado com anos de dúvidas, incertezas, desperdícios e solidão, o que acarretaram em mim a perda de muitas oportunidades e a negação de certas responsabilidades.

Mas como diria minha mãe – “não vou tirar meu corpo fora" -, e pôr somente culpa nos outros e na situação a qual sou empregado. Não. Eu, sim, cometi muitos erros nessa estrada de quase 4 anos. Negligenciei certas responsabilidades, desperdicei outras, demorei para agir em situações que me demandaram maturidade... Enfim, fui um ser errante. E ainda serei, poque quando tomamos decisões difícies como essas, sempre há em nós a ingênua liberdade de construir “O Plano”. O dito plano que parece perfeito aos nossos olhos, que praticamente traça todo o caminho e nos acondiciona a dizer: “Não tem como falhar!” ou “Vai dar certo porque ninguém nunca pensou igual a mim”. E a partir desse ponto, achamos que este é o único item a ser levado em nossas mochilas de aventureiros. E assim, inocentemente, partimos em busca do nosso tão sonhado Eldorado.

Tal despreparo que nos reveste no começo da jornada é necessário, acredito eu, apesar do subsequente processo de aprendizagem, o qual é doloroso. Deste modo, a aventura não demora muito para mostrar a sua verdadeira face, totalmente diferente do que imaginamos. E agora, eu entendo mais do que poderia entender há anos atrás (E entendo menos do que entenderei daqui alguns anos) o quão erronêa é nossa percepção quanto a TUDO. No caminho nos deparamos com tantos obstáculos e imprevistos que não me surpreendera o expressivo número de aventureiros que desistem. Abandonam sua mochila, seu caminho, seu ideal e se entregam à imutável monotonicidade da "vida comum". E isso é doloroso de assistir, pois a cada minuto que prossigo nesta estrada temo que o mesmo possa acontecer comigo.

“Mas logo agora? Tão longe de onde parti? O meu destino parece tão próximo de mim”

A perspectiva é cruel com os sonhadores. O êxito sempre parece estar na próxima esquina, no próximo quilômetro. Mas, não! Ele ainda está longe, pelo menos para mim. E quando me deparo com a dificuldade de responder a simples pergunta: “O que você faz?” ou “O que você quer fazer da vida”; vejo o quão instável é este terreno que piso, e traiçoeiro também.

“Por que é tão dificil querer fazer o que ama? Ter que sacrificar certos padrões para atingir este objetivo?"

Vendo todas essas perguntas feitas nesse texto, vou tendo ainda mais noção da complexibilidade embrulhada em minha decisão. Além de assistir ao vivo o quanto isso influencia em mim hoje, principalmente em estado de psicológico: Como se eu assistisse o rumo da minha vida deslizar-se pelos meus dedos e eu, totalmente vunerável, não consigo fazer nada para impedir. Exatamente assim, sem o controle das coisas.

“Parecia tão mais simples no meu plano, Deus!”.

Porém, digo a vocês que tomo a decisão de continuar nessa aventura. Apesar, é claro, de admitir que é necessário realizar certas mudanças. Não no percurso, mas em mim. Eu já caminhei, sacrifiquei e acreditei tanto que não acho justo entregar-se ao fim. O fardo é dificil e chego, às vezes, pensar que não vale a pena desejar viver um sonho. Mas algo no fim desta estrada me dá tanta esperança que só saio do meu alvo a força. Posso dizer que me tornei alguém obcecado pelo final da estrada.

E você, sonhador, que passa pela mesma aventura que a minha e talvez esteja no meu lado nessa missão, lhe digo: Não entregue-se. Os vales, os rios e frescor da paisagem que o cerca na estrada é tentador, eu sei. Mas que tais maravilhas sejam apenas descansos para tua jornada, não morada. O teu sonho vale mais do que isso. Ele não só é o lugar que tu verdadeiramente precisas, mas também o lugar que você quer estar E isso é o mais importante..

sexta-feira, 14 de março de 2014

A Copa das Copas

O povo brasileiro é ingrato mesmo. Como pode? Um evento da magnitude que é a Copa do mundo está prestes a ser realizado no país. E o que eles fazem? Protestam. Onde já se viu: ser contra a copa. Deveriam ficar agradecidos, pois o Brasil ganhará repercussão internacional através do evento. Todos estarão de olho nele.

E daí se faltam escolas, hospitais, infraestrutura ou Segurança? Não se faz copa com essas coisas! E daí se há corrupção e desvios de verbas ou superfaturamentos? A culpa é de vocês que elegeram tais políticos safados. Vocês deixaram isso acontecer. O futebol não tem nada a ver com os problemas do país. Se há culpados em relação a situação atual da nação, eles são vocês!

Suspiro...

Olha, Brasil. A copa tem o potencial de trazer tantos beneficios a vocês. É só parar pra observar quantos legados ficarão: estádios, por exemplo. Imagine como serão lindos, a partir de agora, os jogos dos campeonatos nacionais. Serão realizados em campos de primeira linha. Do nível da Europa. Imagine como os seus vizinhos Sul-americanos invejarão as arenas, com dizeres do tipo: “Poxa, como os estádios no Brasil são modernos”. 

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) menor que o da Argentina? Taxa de homicídio maior do que no Chile? Educação mais precária do que a do Uruguai? Que se dane tudo isso! Temos estádios de primeiro mundo.

“Chupem!”, diria eu.

“Mas eles prometeram mais do que apenas estádios”, “prometeram transportes de qualidade e Aeroportos”, “prometeram um país melhor” e “Blá! Blá! Blá!”. Tá, tá. Mas não deu tempo, oras! Quanto tempo foi dado ao Brasil para se preparar pra copa? 7 anos? Isso é MUITO pouco! Vocês deveriam levantar as mãos para o céu e agradecer por terem, pelo menos, campos para realizar o campeonato. Vocês são muito mal-agradecidos. Tão reclamando de quê?

O importante é que a festa será grande. Pessoas felizes nas ruas de todas as classes, etnias e nacionalidades celebrarão a maior festa de todas. E é claro que os jogos não estarão ao alcance financeiro de todos, devido ao preço dos ingressos. Mas tudo bem, né? Vocês são o povo do carnaval! Da alegria! Da festa! E deveriam se preocupar com somente uma coisa, o futebol. Ficam por aí, reivindicando, pedindo melhorias, fim da corrupção. O que tudo isso tem a ver com o torneio? Nada! 

Então, meu povo, preocupem-se só com a copa. Esqueçam esse negócio de protestos, mudanças e o escambal. Vamos celebrar! Quando o evento acabar, aí sim, vocês pensem em pedir alguma coisa. Só por favor, não me façam passar vergonha!

Aqui é Roselina Rouzefa, presidente do Brasil. E tenham todos uma boa noite e uma ótima... Copa.