sábado, 10 de maio de 2014

Dona Cláudia

Declaro, excepcionalmente hoje, que é permitido o uso de “tumates”, “brinjelas”, “liquificador” e “táubas” para homenagear minha mãe querida. Essas são, obviamente, piadas internas entre nós que a conhecemos, porém o que não é interno, somente, é a minha admiração por ela. Este veredito é parte de um todo, é claro, até porque há muito o que esta guerreira chamada Cláudia fez por mim: Entre corretivos fervorosos e arremessos de coisas no meu lombo foi pautada a minha educação, e não digo que não tenha havido sutilezas e amor nesse processo – O chamado amor à moda Christina.

“Se correr, vai ser pior”

Corri, corri e corri mais um pouco, até me cansar. Desiste, cara, entregue-se e deleite-se naquela apetitosa vara de goiaba para tomar vergonha. Ah, o que seria de mim sem ela (minha mãe e não a vara)? Nada - Tanto biologicamente quanto moralmente, se é que me entende. Há certas coisas encantadoras nessa mulher: Falar as verdades necessárias, gritar meu nome numerosas vezes por dia, sua comida e o dom sublime de prever as minhas mancadas.

Por fim, ainda não me ocorreu nada de impactante para dizer neste momento, talvez seja falta de coça ou de sofrimento – Não existe nenhum quando estou perto dela. Então, uma boa saída é cantar esta singela canção que fiz de todo coração pensando nela:

Moleque, pode vir pra cá
Tu fez a merda, agora vai apanhar
Escolhe vassoura ou sinta e pode começar a chorar
Quem mandou você me desrespeitar?

Oh minha mãe querida, tenha mais compaixão
A vida é difícil e o teu filho é um vacilão
Mas não se preocupe, tudo vai se resolver
Entre a coça do mundo e a sua, eu prefiro a de você

Agora canto esse refrão
Feito para a dama do meu coração
Bom saber que te amar nunca será uma desilusão
Você é a mulher que sempre me estenderá a mão

Hoje minha alma se enche de alegria
Dedico minhas palavras à dona de minha sina
Não há problemas em não ter ‘pobremas’ em dizer que te amo
Dona Cláudia Christina.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Rima Pobre Para Baixos Investimentos em Infraestrutura

Estrada escura, perspectiva curta,
Chove pesado e minha mente se preocupa.
Temo se alguma hora chegará a curva,
A pior maneira de morrer é na madruga.
O farol está pifando, a minha vista é turva
Recorro a visão periférica, mas nada muda.
Desespero em meu consciente, a mente refuta
A luta de manter-se sobrevivente em meio a chuva
Mútua, de ambos os lados a esperança encurta
O limite fica próximo, lá está a curva
Que não é curta igual minha visão fajuta.

A gravidade puxa e depois chuta,
Calculo uma forma de me safar mas nada se resulta,
Hoje em dia é raro ter uma existência pura.
Por alguns instantes, a vida me surra.
Dura, pesada e inconsequente culpa
Automática ao ser que o óbvio nunca escuta,
Pois a solução é simples e nada difusa
Que para curva, basta virar o volante de forma crua.
Sem muitas cerimônias e assim achar a cura.
Atitude astuta é cobiçar a mais doce fruta
Que a vida lhe oferece após cada luta.

Mantenha a leal conduta
Senão a queda será bruta.
Na estrada da vida não há disputas,
Só uma elevada quantidade de curvas
Esta é a única verdade absoluta.
O mundo sempre tratará de forma rústica
Seus filhos alheios à refusa.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Tradutor Espontâneo: Fertilizador

Eu tenho um jardim onde jamais chove
Eu alimento as flores com lágrimas, elas não reclamam.
Posso ganhar uma lágrima, querida?
Pra isso sou capaz de recorrer à mentira
Uma reação é tudo o que eu gostaria
Para mantê-lo vivo.
Pois este jardim é o meu coração
E eu não consigo sobreviver sem algum...

Fertilizador
Eu fico com o esterco
Se é só isso que você me oferece.
Mas sem fertilizador, lágrimas e sol todo o jardim irá perecer
Seja o que for, eu só preciso de você
De qualquer coisa vinda de você.


Adaptação: Matheus F. Machado
Inspirado na música Fertilizer de James Fauntleroy (com part. Frank Ocean)