quarta-feira, 25 de maio de 2016

Suburbiando

A sirene mais uma vez soou.
Embarco no ardor do trem que leva-me de volta
Ao estilo limo com rodas de ferro,
Sob um estridente elo que amontoa esta gaiola.
O rush do fim da tarde nos alcançou.

Por aqui, muitos cruzarão até cidades.
Pelo caminho, um degradê distinguirá as realidades
Com muros pichados, favelas, pobreza,
Becos, vielas e sorrisos em meio a dureza.

Os abastados nos tratam súditos
Por sermos limitados a bens implícitos
Retidos em oculto ramal e distante;
Vindos de um nascedouro caótico, brabo e coadjuvante.

Somos muitos, vivemos nos arredores
De uma cidade com duvidosos intuitos,
Mas a nossa esperança nunca dorme - Ela madruga,
Pois seu trajeto dura horas - Dura vida
De despertar pré-matinal que não mais a intimida.

És tu a bela flor de abril, cuja tua excelência ruiu;
És tão juvenil quanto não gentil;
Campeã viril na lei do funil:
Viva a pátria Brasil.

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