É, meu irmão, vou te falar
A dor é muito grande
E eu não sei por onde começar
Ultimamente, a angústia está presente
Os segundos se esgotaram
Disso já estou ciente
Impedido de seguir em frente
O sistema me trata como indigente
Pressiono start
Tarde demais, é game over
Infelizmente.
Como eu pude ser tão demente?
Tudo aconteceu de repente
O chefão estava desorientado
E do nada, me golpeou repentinamente
Antes que eu pudesse reagir
Já ao chão, eu jazia inconsciente.
A minha coragem tá meio enfraquecida
Mesmo depois de toda a experiência adquirida
Mas essa queda não irá me impedir
Não me canso desse jogo,
Enquanto eu não o concluir
Sou velha-guarda, sou anos 90
Se não sabe perder, moleque,
Faz o seguinte, nem tenta.
Aqui só conquista quem aguenta
Fica no teu life infinito
Sua criança pirracenta.
Relaxa, não vou bancar o idiota
Só é chato ver que o mundo
Não lida mais com a derrota
Eu perdi, fracassei, disso eu sei
Um perrengue eu passei
Da minha sorte eu abusei
Mas pro fim não há leis
E se eu cair de novo, poucos segundos terei
No total, te garanto, são menos de seis.
Saiba que o recomeço também é um start
Jogar video-game é uma arte
Perder é algo que sempre fará parte
Seja o que for,
A desistência mantém-se em descarte.
domingo, 25 de janeiro de 2015
sábado, 24 de janeiro de 2015
Cena: Temos Vagas
INT. QUARTO – TARDE
Típico
quarto de um jovem de 18 anos.
BAGUNÇADO.
No
meio da zona generalizada, Alex joga MMORPG com seu amigo.
RÔMULO (OS)
Se liga, preciso
destes itens
pra essa quest.
ALEX
Só quer mandar nessa
bagaça, hein!
RÔMULO (OS)
Bora, cara! O tempo
tá correndo.
ALEX
O cara arruma uma
arma rara
E agora age como se
tivesse dois pintos.
RÔMULO
(Rindo)
Ah, se ligou no meu
espadão, né?
O telefone
no quarto começa a tocar.
ALEX
(Debochando)
Pra quem tu deu a
bunda pra arrumar isso aí?
Os
toques persistem.
RÔMULO
Eu tenho meus
contatos.
ALEX
Ah, Safada!
Ambos
gargalham e sentem-se privilegiados por possuírem tamanha diversão numa tarde
de terça-feira.
O
telefone ainda está a tocar.
RÔMULO
E aí, pegou a
parada?
Neste
instante, Alex percebe que há algo fazendo barulho em seu quarto.
ALEX
O telefone tá
tocando.
RÔMULO
Deixa tocar, ora.
Alex
olha para o telefone e equaliza se vale a pena atender a ligação.
ALEX
Guenta aí.
Alex
põe o headset sobre a mesa e se levanta.
RÔMULO (OS)
Ah! Sério, véi?!
Deixa essa porra
tocar, a gente vai perder a-
ALEX
Alô
LÚCIA
Oi, meu nome é
Lúcia.
Sou da redeempregos.com e gostaria de falar
Com o Alex Teixeira
Filho, por favor.
ALEX
É ele.
LÚCIA
Oi, Alex, tudo bem?
Olha, eu tenho uma
notícia muito boa para você.
ALEX
Tô ouvindo.
LÚCIA
Observei em nossos
bancos de vagas o seu currículo
e agora estou ligando,
pois tenho uma oportunidade para você.
ALEX
Meu currículo?
LÚCIA
É. Estamos
encaminhando seus dados
para que você possa
marcar uma entrevista, ok?
ALEX
Pera, pera aí.
Deve haver algum
engano, senhora.
LÚCIA
Como?
ALEX
Eu não me inscrevi a
nenhuma vaga
de emprego.
RÔMULO (OS)
Caralho, Alex.
Cadê você?
Na
calmaria da tarde, a raiva crescente de Rômulo, vinda das caixas de som, rasgam
a atmosfera ambiente.
Alex
olha para a tela do seu jogo, apreensivo.
ALEX
Seja lá como você
conseguiu meus dados,
eu preciso desligar.
LÚCIA
Calma, Alex.
Tem certeza?!
É um oportunidade
úncia!
ALEX
Mas eu não to afim
LÚCIA
Por que?
Há alguma carência
de tempo disponível?
ALEX
Não, não. Nem é
isso.
LÚCIA
(entusiasmo)
Então, Alex?
Por que deixar
passar uma-
Alex
se esforça para achar a primeira resposta que venha à sua cabeça, para encerrar
o telefonema.
ALEX
É que eu já tenho um
emprego!
MÁRCIA (OS)
Você com emprego?
A
mãe do Alex chega em casa.
Ela
surge junto a porta.
MÁRCIA
Desde quando?
Alex
rende-se ao nervosismo.
ALEX
Eu preciso desligar
MÁRCIA
Com quem você tá
falando?
ALEX
Ninguém!
RÔMULO (OS)
Wolver Knight, seu desgraçado!
Vamos perder a
quest!
Mãe
e filho entreolham-se.
Logo, para o computador.
Márcia
calcula a real angústia de Alex.
ALEX
Sério mesmo,
terei de recusar
esta oportunidade.
MÁRCIA
Oportunidade?!
Não acredito que é
da redeempregos.com!
LÚCIA
Alex, olha só.
Você está perdendo
uma
oportunidade de
ouro, meu jovem.
MÁRCIA
E aí?
Quando é a
entrevista?
ALEX
(para mãe)
Eu vou recusar.
LÚCIA
Mesmo?!
MÁRCIA
Não!
LÚCIA
(Aliviada)
Ah, bem.
RÔMULO (OS)
Caralho, Alex.
Se eu perder esta
quest, eu juro,
mas juro que te
mato!
Alex
atravesa o quarto para acalmar seu amigo.
ALEX
Dá pra você sair daí?
Vai acabar morrendo!
RÔMULO
Não! Trate de sentar
essa bunda magra
nessa cadeira e me
ajude a matar esse Boss!
Ao
retornar com a recusa à Lúcia, sua mãe replica:
MÁRCIA
Quando você vai
deixar
de se comportar como
criança?
ALEX
Quando eu encerrar
essa chamada.
MÁRCIA
Não se atreva a
desligar.
ALEX
Eu não quero
trabalhar em qualquer lugar, mãe!
MÁRCIA
Sua situação atual
não te permite
muito escolher,
rapaz.
LÚCIA
Alex?
ALEX
Dá pra esperar um instantinho?
Márcia
desaprova toda a infantilidade exercida por seu filho.
ALEX
Eu já disse que
quero ser Game Designer.
MÁRCIA
Lá vem isso de novo.
ALEX
É o meu sonho!
MÁRCIA
E jogando video game
o dia inteiro
vai te levar lá?
Alex
raciocina, por alguns instantes, o que irá responder.
ALEX
Provavelmente.
RÔMULO (OS)
Foda-se, vou atacar!
ALEX
(Para o Rômulo)
Não!
MARCIA
empurra o telefone contra o peito do Alex.
MÁRCIA
Diga sim!
Alex
afasta o telefone de volta.
ALEX
Eu já disse minha
resposta.
A
mãe toma o telefone.
MÁRCIA
Olha, o meu filho
adoraria comparecer a entrevista
ALEX
‘Quê? Não!
LÚCIA
Ah, que maravilha!
Alex
tenta tomar o telefone.
MÁRCIA
Sim, é um garoto muito
trabalhador.
LÚCIA
Exatamente o perfil
que procuramos.
ALEX
Eu não vou!
A
mãe aterrissa o telefone sobre o peito.
MÁRCIA
Ah, tu vai sim!
Senão, eu paro de
pagar a mensalidade
desta maldita
internet.
Alex
desaba os ombros.
RÔMULO (OS)
Ih, rapaz.
Lascou!
Ambos
olham para o monitor do PC:
GAME OVER
N.T.: OS - Off Screen (fala dita fora de quadro)
---//---
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domingo, 18 de janeiro de 2015
Os Solitários Habitantes do Universo
A missão Discovery chegara ao ponto em que seu total fracasso era claro a todos os tripulantes da nave EBERPE. Nos rostos dos sobreviventes ali presentes, os quais eram poucos, havia um misto de decepção e angústia, pois o segredo perseguido por aqueles viajantes mostrara uma face bruta e inconsequente.
A face da inexistência.
Conforme a grande nave penetrava a escuridão intangível do cosmo, o capitão Hope, chefe da expedição, rendeu-se a uma reflexão, que em primeiro instante veio em forma de pensamento, porém tornou-se num desabafo audível.
- Talvez não. - Ele respondeu a si mesmo - Talvez estejamos sozinhos em toda esta imensidão. Mesmo com toda nossa pequenez e insignificância, continuamos sendo agraciados em testemunhar as estrelas, os planetas e a vida. Logo nós que mal conseguimos cuidar de nossa própria casa. Como podemos ser os únicos privilegiados?
O silêncio foi a resposta.
- Mas hoje - Ele continua. - compreendo que esta pergunta possuí uma resposta óbvia: Nós somos parte desta imensidão, e não meros espectadores. Este TODO nos pertence assim como nós pertencemos a ele.
A tripulação se entreolhou, e tais olhares valeram como longas conversas. O silêncio pertinente permitiu ao capitão levantar e direcionar-se para a proa da nave, onde de lá imaginou poder sentir o vento acariciar-lhe o rosto e levar consigo sua frase final:
- Nós não somos um erro do universo.
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