mas ele nem olhou para mim.
Gritei ao vento
Para sua atenção ganhar enfim.
Que nada, uma mamata maquiada
de cílios postiços e mini-saia, safada,
que nem puta da Lapa.
Adornada com maneirismos decrépitos
Antecessor ao mais ancião dos séculos
O tempo é rei, soberano, ditador.
Sem essa de usurpador.
Não, o buraco é mais embaixo.
A vida é um jogo de esculacho.
Quem passa não é o tempo, é a gente.
Breve como o próprio viver, de repente.
Não era essa verdade que desejei ser crente,
mas é assim.
Vai, sorria pra mim!
Peço a Deus pela sensação de dever cumprido
Após encerrar a base desta vida, que é de vidro
Encardido, fedido, sucumbido, jazigo,
Passado.
Presente e futuro também,
são as armas que o tempo tem
contra eu e você, irmão.
A cruel entropia que nos consome a cada respiração.
O resultado da experiência é a fragilidade
diante do fim que corrói qualquer vaidade.
Piscou, espantou, passou, perdeu.
Tudo no seu mundo envelheceu.
Existir é ser o suspiro que ainda não esvaneceu.
Meu,
é impossível mensurar.
Então corro pelo o que me tem a restar
Viver, sem temer sair do raso
Porque o relógio é o meu pior carrasco.
Valorizo as coisas boas e simples que surgem aqui e ali.
O que não desejo pra mim, não desejo pra ti.
Parceiro, evite o relento lento
feito para aqueles com pouco discernimento.
Não há existência sem ferimentos,
nem misericórdia sem esquecimento.
Eu gritei aos ventos,
mas agora sussurro em pensamento.
Pois a última coisa que tento
é o castigo do tempo.
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