domingo, 30 de agosto de 2015

Quanto ao Absurdo de Estar Perdido ou Achado

"Você tem essa mania de me dizer que estou 'perdido'. Bem, não que por algum acaso eu já tenha me achado neste mundo turbulento, pois tal coisa, te garanto, jamais fiz e acho meio improvável fazê-lo algum dia. Porém, todavia, entretanto, não - quer - dizer - que - estou -  perdido. Eu só não cheguei ainda. Pergunto ali e pergunto acolá sobre esse negócio de se achar, mas oras, ninguém sabe coisa alguma! Por que eu, miserável ser errante, deveria portar esse item tão raro e valioso? Só de perguntar já me soa arrogante. Agora, hei de admitir que enrolo nesse troço aí. Na verdade, passo em tantos galhos, dos mais tortos aos mais alinhadinhos, desprovido de qualquer pretensão, que até o pouco de bom-senso que possuo não configuraria isso como sendo um procurar. Mas é um, sim, lá num fundo tão fundo que o pobre diacho do 'perdido' venha a calhar de uma certa forma. E pensando bem, aqui nos domínios de um galho lodoso e sinuoso que faço morada há três dias, essa caça é tão eterna quanto o tédio que deve ser se achar por completo. Convenção social ou não, eu não sei o que quero, você não sabe o quer, ninguém sabe! - E nem se toda a sanidade mental minha esvaísse perante uma doença do tempo, ainda assim, não consideraria o termo 'perdido' em meus cunhos de julgamento alheio. Prefiro usar um mais simplório e filosófico: Vivendo - com V maísculo mesmo".

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