domingo, 14 de setembro de 2014

Numa Sexta-feira

Nas molhadas ruas dessa sexta, o frio traz à tona incógnitas rotineiras. Penso estar em conflito com o ambiente que me cerca. Por algum motivo, os homens parecem mais românticos, as mulheres mais radiantes, as crianças mais protegidas, os idosos mais esperançosos e o sol, que em cisma de timidez viveu o hoje, mais conveniente. Um balanço de entusiasmo e nostalgia preenche a minha mente, porém não sei no que meus olhos refletem, acredito estarem tão confusos quanto eu.

Desisti de imediato fazer qualquer ligação lógica com as condições meteorológicas e o humor ambiental vigente: Uma mãe acaba de abrir mão de seu guarda-chuva para proteger o filho da tempestade - O amor em tempos frios. Perseguindo os meus caminhos, penso no que mais é necessário para viver um sonho e, mesmo com o dia que me rodeia sendo tão convidativo, admito que quero estar aqui e ao mesmo tempo não.

Ao sair do trem, me espantei com a insignificante diferença de temperatura entre o vagão e a rua. Isto me preocupa. Estou para chegar em casa mais cedo, poderei pôr em descanso o meu corpo. Quero pensar nas coisas boas que me esperam - Talvez seja este o entusiasmo e a casa, nostalgia.

Homem carrega uma flor, mulher bem consigo, uma criança com um guarda-chuva, idoso sorrir e um dia frio e chuvoso termina em brilho solar. Tudo parece bem, estou no caminho certo. Isso é o que meus olhos refletem.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Dama das Dores

Ontem me foi permitido sonhar
Com uma bela dama de hipnotizante olhar.
Em suas mãos, ela portava algo de difícil compreensão
Não lembro se uma arma ou meu próprio coração

Disse para não temer o fim do perfeito
Senti uma dor eletrizante no peito
Ela jogou fora o que segurava após um beijo
Num cruel e descompromissado desfeito

Suas mãos, agora sujas, estenderam-se a mim
Do paraíso no qual estava, ela me mostraria o fim
Belezas também morrem, ela disse
Poderia restaurar o que fora descartado, se ela não me impedisse
Com não's e uma realidade crua
Encontrei minha companheira amargura.
Excomungado do sonho,
O que sobrou foram lembranças,
de um amor agora desmembrado da esperança.

Foi bom estar perdido na perfeição
Comparado à esta atual desolação.
De que serve o adeus,
se ela é ignorante ao que digo?
Do oxigênio que usa,
ela não tá afim de dividir comigo.

sábado, 16 de agosto de 2014

A Jornada de Todos os Herois

Há na jornada de cada herói a “provação máxima”, aquele momento onde monstros e os mais dos terríveis males precisam ser enfrentados. É aquele instante em que as forças, antes inesgotáveis, agora são escassas. O horizonte passa a ser turvo, incerto, quase uma imagem abstrata de algo que um dia fora uma meta. É difícil prever um fim quando se encontra em tais condições, pois o herói está sozinho - Ele precisa estar sozinho. Seus coadjuvantes, ajudantes, mentores e todo resto tornam-se periféricos, pois esta peleja pertence exclusivamente a ele. É a forma que a vida, cruelmente, escancara que o fim disto é responsabilidade dele, seja o que for. E talvez por se mostrar tão cruel com as chances, estes momentos necessários da jornada sejam o motivo da morte de tantos ideais e objetivos.

O herói tenta fugir, tenta esconder a sua face, embrulhar-se até que desapareça. Mas para onde ele vai a provação o persegue, porque ela não é externa, ela faz parte dele. E quando consegue aceitar a necessidade de enfrentar o inevitável, sua maior certeza é a do fim, por mais que outrora ele tenha sido capaz de superar outros conflitos - Nenhum se compara a este. Então, a espada é desembainhada, as últimas forças são tomadas e o encontro ao que o acaso permitir é aceitado. Neste momento, não importa o que fora aprendido, ganhado ou conquistado, a única coisa que importa é este fardo terminar – por mais que o seu triunfo seja ansiado por tantos terceiros.

Um alívio com a sensação do iminente fim é sentido. No entanto, uma força incansável faísca dentro de seu ser, no mais profundo dele. É de natureza desconhecida, começa como uma imperceptível fagulha até preenchê-lo por completo. É um outro lado do herói o qual ele não conhecia até então. O que era antigo e velho, dar lugar ao renovo. Este lado parece não desejar o fim: Ele quer vencer, ele pode conquistar. Jogado, antes da grande batalha, numa dimensão diferente à atual, o herói espanta-se. Nesta realidade paralela, dois tons são suficientes: o branco e o negro; o sim e o não; o começo e o fim; a vida e a morte. Uma explosão cegante inicia-se, ele não é atingido por ela, somente testemunha algo bonito e único - Alguns costumam chamar isto de redenção. O clarão da explosão mata suas conclusões pessimistas, porém mata o seu antigo eu também, aquele descrente das próprias forças. Ele renasce logo em seguida e os tons modeladores desta realidade fundem-se e tornam-se um novo espectro, um artefato que pode ser grandioso, mas que agora cabe em suas mãos.

A recompensa por esta batalha vencida é o elixir, o artefato que o ensinará simplesmente a seguir em frente, a experiência para superar os seus demônios mais tenebrosos. Voltar a desconfiar de si nos momentos de provações faz parte deste arquétipo, mas basta encontrar aquela pequena faísca para desencadear o descontrolado entusiasmo que nos guiará a vitória de cada luta. Tudo isso porque somos grandes, somos fortes... Somos heróis.


N.T.: Este texto faz parte da volta deste inresponsável jovem escritor. I'M BACK!

sábado, 10 de maio de 2014

Dona Cláudia

Declaro, excepcionalmente hoje, que é permitido o uso de “tumates”, “brinjelas”, “liquificador” e “táubas” para homenagear minha mãe querida. Essas são, obviamente, piadas internas entre nós que a conhecemos, porém o que não é interno, somente, é a minha admiração por ela. Este veredito é parte de um todo, é claro, até porque há muito o que esta guerreira chamada Cláudia fez por mim: Entre corretivos fervorosos e arremessos de coisas no meu lombo foi pautada a minha educação, e não digo que não tenha havido sutilezas e amor nesse processo – O chamado amor à moda Christina.

“Se correr, vai ser pior”

Corri, corri e corri mais um pouco, até me cansar. Desiste, cara, entregue-se e deleite-se naquela apetitosa vara de goiaba para tomar vergonha. Ah, o que seria de mim sem ela (minha mãe e não a vara)? Nada - Tanto biologicamente quanto moralmente, se é que me entende. Há certas coisas encantadoras nessa mulher: Falar as verdades necessárias, gritar meu nome numerosas vezes por dia, sua comida e o dom sublime de prever as minhas mancadas.

Por fim, ainda não me ocorreu nada de impactante para dizer neste momento, talvez seja falta de coça ou de sofrimento – Não existe nenhum quando estou perto dela. Então, uma boa saída é cantar esta singela canção que fiz de todo coração pensando nela:

Moleque, pode vir pra cá
Tu fez a merda, agora vai apanhar
Escolhe vassoura ou sinta e pode começar a chorar
Quem mandou você me desrespeitar?

Oh minha mãe querida, tenha mais compaixão
A vida é difícil e o teu filho é um vacilão
Mas não se preocupe, tudo vai se resolver
Entre a coça do mundo e a sua, eu prefiro a de você

Agora canto esse refrão
Feito para a dama do meu coração
Bom saber que te amar nunca será uma desilusão
Você é a mulher que sempre me estenderá a mão

Hoje minha alma se enche de alegria
Dedico minhas palavras à dona de minha sina
Não há problemas em não ter ‘pobremas’ em dizer que te amo
Dona Cláudia Christina.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Rima Pobre Para Baixos Investimentos em Infraestrutura

Estrada escura, perspectiva curta,
Chove pesado e minha mente se preocupa.
Temo se alguma hora chegará a curva,
A pior maneira de morrer é na madruga.
O farol está pifando, a minha vista é turva
Recorro a visão periférica, mas nada muda.
Desespero em meu consciente, a mente refuta
A luta de manter-se sobrevivente em meio a chuva
Mútua, de ambos os lados a esperança encurta
O limite fica próximo, lá está a curva
Que não é curta igual minha visão fajuta.

A gravidade puxa e depois chuta,
Calculo uma forma de me safar mas nada se resulta,
Hoje em dia é raro ter uma existência pura.
Por alguns instantes, a vida me surra.
Dura, pesada e inconsequente culpa
Automática ao ser que o óbvio nunca escuta,
Pois a solução é simples e nada difusa
Que para curva, basta virar o volante de forma crua.
Sem muitas cerimônias e assim achar a cura.
Atitude astuta é cobiçar a mais doce fruta
Que a vida lhe oferece após cada luta.

Mantenha a leal conduta
Senão a queda será bruta.
Na estrada da vida não há disputas,
Só uma elevada quantidade de curvas
Esta é a única verdade absoluta.
O mundo sempre tratará de forma rústica
Seus filhos alheios à refusa.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Tradutor Espontâneo: Fertilizador

Eu tenho um jardim onde jamais chove
Eu alimento as flores com lágrimas, elas não reclamam.
Posso ganhar uma lágrima, querida?
Pra isso sou capaz de recorrer à mentira
Uma reação é tudo o que eu gostaria
Para mantê-lo vivo.
Pois este jardim é o meu coração
E eu não consigo sobreviver sem algum...

Fertilizador
Eu fico com o esterco
Se é só isso que você me oferece.
Mas sem fertilizador, lágrimas e sol todo o jardim irá perecer
Seja o que for, eu só preciso de você
De qualquer coisa vinda de você.


Adaptação: Matheus F. Machado
Inspirado na música Fertilizer de James Fauntleroy (com part. Frank Ocean)

terça-feira, 22 de abril de 2014

Palavras

Elas são lindas, elas são problemáticas
Dependendo da dosagem, machucam
Invertendo a intensidade, curam
São enigmáticas

De fonte inesgotável
Brotam-se suas magias
Do mais leve e puro ar
Encontram-se em abundância

Elas me carregam
Me coroam, me alimentam e me cobrem
Confortáveis e quentes são seus aconchegos
Protejam-me da fria chuva, ó rainhas

Em certas ocasiões, suficientes
Em outras, a realidade elas não aparentam
A força que carregam é ambígua e incalculável
Salvam um coração, provocam uma guerra

Dos simpáticos, sua arma mais eficaz
Dos tímidos, Batalham por sua liberdade
Sozinhas, riscos à deriva
Em bando, harmonioso e sonoro mosaico

Vibrações na atmosfera
Tinta no branco de composição química sincera
Como os humanos, às vezes falhas
De quem mais refiro senão das palavras?


quarta-feira, 16 de abril de 2014

Desajeitados Amantes Yankees, Antes Nobres Eunucos

Quero falar de alguém
A qual um longo cabelo ela tem
Dona de um sorriso em que toda beleza se mostra
E meu coração, a ela, se prostra

Insanidade é acreditar nessas coisas
Da fruta mais tentadora
Pensamentos meus, dos mais simples
Se entregam
À esta tal monopolizadora

Corra!

Não consigo.
Anjo relusente
De brilho encantador
Coloriu de vida
Minha fria e abstrata paleta de cor

Quando fecho os meus olhos
Tu és a primeira coisa que vejo
A segunda, terceira e quarta
Já pela quinta, peço para que não parta

Zumba, zumba meu coração pulsante
Ao ritmo de uma incontrolável emoção vibrante.
De restante,
Só há mais um instante...

Distante.

Pois mortal é
Velejar sobre sua maré
Explorar suas curvas ingrimes
Cidadão, aí tem crime

Chame a polícia!
Temos um caso judicial Yankee
Só não atire
de mim
Oh, querida DDTank

Deve haver tempo para correr
Passo pelo radar a mais de quarenta
Deveriam me multar
Por gostar da garota com mais de 1 e 80

Zumba, zumba. Pare!
É Importante
Esse ritmo incontrolável e vibrante, é repugnante
De restante,
Só há mais um instante...

Miliante!

Policial, peço perdão
Cometi um crime em Conceição
De consequências as quais não advinha
Me ecantei por uma coelhinha

Mas ele me ignora
Não sai da viatura.
Tudo não parece ter conexão
Diga-me, por favor
Que horas são?

Em vão.

Pra quê a pressa, ele perguntou
Fugindo dela, sinhô
Seja mais ligeiro
Hoje mesmo roubaram a namorada de um lolzeiro

Prenda-me, policial
Gostar dela às vezes me faz mal
Estou dopado de alguém que não deveria
Largado numa estrada de única via

Mia!

Aparentemente
Todas as informações procedem
Será que falas sobre ela...
Da-da que todos conhecem?

Até você, oficial?

Rapaz, não me leve a mal.
Para o teu problema, eu não me alinho
Portanto, segue teu caminho
Ou melhor, volta pro lolzinho.

Há uma quizumba em algum orgão pulsante
Maldita emoção vibrante.
De restante,
Me resta ficar ofegante...
Ele se foi, sem olhar para trás
Indo rápido demais, aliás
No horizonte enxergo uma silhueta
Multidão aos gritos e trompetas

Treta.

Perguntam: E a Dada?
Agora eu perdi o controle da situação
Devem ser moradores de Conceição
Buscando Satisfação.

Só pode ser um sonho
Ou talvez pesadelo
Posso voltar ao tempo que
o que me encantava era só o cabelo?

Cercado, constatei
O que fiz é grave
Mas alguém na multidão me fez admirar
Até o irmão dela estava ali pra me quebrar

Ser eunuco nunca me fez tanta falta
Todos aqui parecem odiar gente falsa

Uma voz ao fundo gritou
Já deu o papo?
Respondi
Tá o aço,
até agora, só abraço.

Ao meu lado, resplandece um brilho
Isso me parece tão clichê
Esse perfume e cheiro
Com certeza é você.

Ela aparece
Usando o mesmo encanto que me adoeceu
Sua reação eu não poderia suspeitar
Sua mão nem ao menos consegui beijar

Chibatas, correntes
Olhos Atentos
É tudo assistido e estudado
Isso deve estar sendo televisionado

Trocamos só olhares e sorrisos
Qualquer equívoco e a coisa fica feia
Além do mais, tá tarde
Ela tem que dormir às nove e meia

A vontade é de quebrar a tradição
Ser apenas amigo
Jamais foi minha intenção
para a nossa conclusão

A mina é diferente, é enjoada
Olha ela ali
Se achando descolada
“- Achás bonita?”
“- Não mais do que você”

A multidão, aos poucos, se desfaz.

Talvez tudo tenha sido incompleto
Peças de um quebra-cabeça inacabado
Assim como a história que acabei de contar
A qual somente ela pode continuar.

Do zumba, nada é interessante
Mas meu coração continua pulsante
De uma emoção incessante
e constante
Você.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A Tal Nostalgia Depressiva

Em uma das periódicas arrumações no quarto-de-bagunças, aqui em casa, achei um texto velhíssimo, e incrível, escrito por nada mais, nada menos do que meu pai. E o engraçado disso tudo é que o texto expressa um momento na vida do meu velho muito semelhante ao que eu venho passando...

Após ler, disse:
- Pai, foi o senhor que escreveu este texto?
- Sim. Gostou?
- Achei muito bonito.

Tão bonito que faço questão de deixar registrado aqui. Resgatado de uma pilha de coisas com destino ao lixo, o texto é seco, cru e até depressivo. Mas fala da busca, a qual todos nós estamos dispostos a fazer, porém sem a certeza de que será concretizada. Espero que gostem.

A Busca

Hoje ao acordar relembrei
E, então despertei pra uma realidade
Que foi sufocada pelo passar dos tempos.
Com as mudanças da idade,
Olhei-me no espelho e deparei-me
Com a infância esquecida
Porém relembrada naquele despertar,
Naquele momento
E lembrei-me de todos os sonhos,
Todos os desejos
Que esperava ao menos realizar no futuro,
Mas tudo foi esquecido.
O meu destino foi invertido
Na maioria das vezes por grandes decepções
E vi que sou completamente desconhecido
Estranho e diferente
Da realidade do meu passado.
Não sou um fracassado
Mas os maiores dos meus sonhos quando criança
Não foram realizados.
O mundo não é o que sonhei
As pessoas não são todas iguais
Queria voltar a ser criança
E não voltar a essa realidade 
A qual vivo
Jamais.

A vida é revestida de decepções, e alguns fracassos, que fazem a gente olhar para o passado e desejar voltar ao ponto zero, mas isso não é possível. Ter a vida que você planejou quando era criança (ingênuo) é diferente de ter o presente que você se situa agora. Porém, lembrar que o futuro é o que construímos HOJE preenche de esperança as nossas vidas. 

Abraços.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Ânimo, Blindagem e Agasalhos

A vivência do coração é o conhecimento, portanto proteja,
O falecimento do coração é a ignorância, portanto evite.
Sua melhor condição é a genuína devoção, portanto conceda.
Este conselho é o suficiente para você, portanto guarde.
- Al-Ghazali
- Tradução: Matheus F. Machado

sexta-feira, 28 de março de 2014

Um Amor Chamado Magnólia

Assim como a música, o cinema tem um papel importantíssimo em me ajudar a lidar com certas situações da vida. Todos os dias somos expostos à decepções, amor, ódio, gentileza, violência, entre outros bens e males. E é fascinante notar como obras artísticas produzem sentimentos tão intensos em nós. Obviamente, a lista de filmes que, de alguma forma, me ajudaram durante esta minha breve existência é quilométrica, porém há um filme em especial que faço questão de deixar registrado nesse blog a minha admiração.

Linda, cativante, intensa, problemática e apaixonante.

Seu nome: Magnólia

Não me canso de dizer o teu nome, Magnólia


Dirigido e escrito por Paul Thomas Anderson, Magnólia foi o segundo longa da carreira do cineasta. Nele somos apresentados à extensa lista de 9 personagens, residentes da cidade de Los Angeles, e todos com seus problemas, dilemas e traumas. Figuras universais de qualquer lugar no mundo. E que a partir da convivência testemunhamos um estudo de personagens magnifico, descobrimos seus respectivos passados e o que os afligem tanto. 

Quando hoje falo sobre Magnólia, pareço comentar de um antigo amor. Isso porque ela (Magnólia) me proporcionou um mar de emoções, aflição, espanto e admiração. Falou de uma forma pessoalmente brutal comigo, numa época em que eu precisava ouvir não somente um conselho mas um puxão de orelha, algo que poucos filmes conseguiram fazer comigo. Na verdade, Magnólia ainda me aconselha todas as vezes que a revejo. Seja para saber que perdoar é a coisa mais difícil a qual nos propúnhamos quando decidimos co-existir ou saber que podemos possuir muito amor dentro de nós mas, que às vezes, não sabemos onde pôr tanto sentimento. É sempre uma delícia revê-la.

Eu poderia cuspir neste texto as perfeições técnicas do filme e roteiro. Em como seus elegantes planos-sequência são uma atração à parte ou como PTA em seus tradicionais closes invade a natureza de seus personagens. Poderia, também, citar a poesia incorporada em um roteiro repleto de simbolismos e mensagens que vão no pessoal do espectador. Porém, limitarei as minhas admiradas palavras ao que Magnólia representa à mim: Amor.

Numa intensa carga dramática e portado de um humor bastante sútil, o filme traça, e conecta, os acontecimentos nas vidas problemáticas e bagunçadas de seus personagens através de música, vezes do compositor Jon Brion outrora da delicada Aimee Mann, e cinema. Sim, o mais e belo puro cinema. O ponto alto da produção é ser eficaz em desenvolver os momentos delicados e explosivos dos personagens com uma igualdade e ritmo espetacular.

Já perdi a conta de quantas vezes me deparei com situações complicadas da vida e automaticamente me vieram frases do filme como um oásis de reflexões. Basicamente, Magnólia moldou parte do meu caráter:


"We might be through with the past, but the past ain't through with us."

"Dad? You need to be nicer to me."

"What am I doing? I'm quietly judging you."

"I really do have love to give! I just don't know where to put it!"

"I'm sick and I'm in love."

"When the sunshine don't work, the good Lord bring the rain in."

"What most people don't see... is just how hard it is to do the right thing."

E como esquecer do clímax do filme? A redenção. O inacreditável ocorrido que sucede-se após os pontos mais dramáticos de seus personagens. Não serei louco em dar detalhes sobre esta "bizarra" parte. Até porque estragaria a surpresa (espanto), mas prepare-se para uma mensagem forte. Uma sensação de ter feito parte de uma experiência ímpar e especial. E Magnólia é, em sua essência, isso: Mais do que um filme, uma experiência. 

Emocione-se, espante-se e admire-se. E se você achou, acidentalmente, este texto logo após assistir Magnólia, acredite que isso não é uma mera coincidência.

Tente tirar coisas boas de seus problemas. Isso te fará seguir em frente e, o mais importante, aprender.

Abraços.

terça-feira, 18 de março de 2014

Curta-Metragem: Noite de Síndrome

Publico agora a vocês um trabalho que, até hoje, foi o mais difícil ao qual me submeti. A tarefa de realizar um projeto audiovisual requer um grande número de pessoas, e mesmo assim continua sendo um processo complicado. E quando me vi na situação de criar um filme sozinho, fiquei intimidado. Porém, acredito que não fiz TODO o projeto sozinho. E Tais ajudas podem não ter sido diretas, mas mesmo assim foram de grande utilidade. 

Sem dinheiro, sem equipe e com uma câmera de celular. Foi nesse espírito que iniciei o projeto. E em muitos momentos me senti intimidado em relação às circustâncias. Mas o desejo de fazer cinema me inspirou todos os dias e impulsionou a continuidade da produção.

Todavia, procuro não vangloriar este projeto em cima das dificuldades que tive. Vejo que necessito melhorar em diversos apesctos, mas ver o projeto pronto é uma sensação indescritível (Seja qual for a sua qualidade).

Sinopse: Um jovem, antes de dormir, começa a ouvir passos pela sua casa. E em uma busca atrás da origem deste estranho barulho, ele começa a desconfiar se o que está acontecendo é realidade ou síndrome.

Agradeço a todos que me apoiaram!


Obs: Adoraria discutir neste post coisas sobre o workflow do projeto e até mesmo o meu estado psicológico durante a produção. Mas acredito que isso tiraria o foco principal da postagem, que é o vídeo. Então, fica para a próxima.

Um grande abraço!

O Meu Lado Sound Designer

Venho apresentar a vocês duas composições feitas por mim.

O sound design é, também,  uma paixão pulsante em mim. Adoro a ideia de ser capaz de emergir pessoas dentro de um universo/aventura apenas com o som, nada mais. Adorei o resultado final e também gostei muito do processo em si, o de composição. Me senti um verdadeiro maestro redigindo uma imensa variedade de sons. Foi incrivel!

São duas obras bem distintas: A primeira é um trabalho bastante simples, beirando o minimalista, que realizei inspirado numa música de uma banda que sou fã, M83 - "Waves, Waves, Waves"; já a segunda composição é um trabalho bem mais rebuscado de uma perseguição de carros em um universo CyberPunk, inspirada no Nerdcast Especial de RPG, do site JovemNerd.

Aqui estão as obras:



Obs: Todos os créditos necessários são dados no link dos vídeos.

Abraços.



segunda-feira, 17 de março de 2014

Os Sonhadores

Por que é tão difícil querer viver daquilo que ama?

Faço essa pergunta a mim mesmo praticamente todos os dias. E quando aceitei a árdua tarefa de entregar a minha vida em detrimento de um sonho “não convencional”, me deparei com questionamentos e profundas dúvidas quanto ao meu rumo na vida. E tal avalanche de sentimentos é um perigo constante na vida de humildes... Sonhadores. “Será que estou no caminho certo?” é o tipo de pergunta que antecede cruéis crises existenciais e até desistências, pois o caminho quase sempre não é simples e nem rápido.

No momento em que tomei um dos meus plot-twists mais perigosos, alvejar a carreira de cineasta e escritor, serei franco: Não sabia que seria tão problemático. Digo isso porque tal compromisso não é, meramente,  uma simples “decisão para o meu futuro”, e sim algo que me exigiu uma das coisas mais difícies que o ser humano pode se dispor: Sacrifícios. Isso somado com anos de dúvidas, incertezas, desperdícios e solidão, o que acarretaram em mim a perda de muitas oportunidades e a negação de certas responsabilidades.

Mas como diria minha mãe – “não vou tirar meu corpo fora" -, e pôr somente culpa nos outros e na situação a qual sou empregado. Não. Eu, sim, cometi muitos erros nessa estrada de quase 4 anos. Negligenciei certas responsabilidades, desperdicei outras, demorei para agir em situações que me demandaram maturidade... Enfim, fui um ser errante. E ainda serei, poque quando tomamos decisões difícies como essas, sempre há em nós a ingênua liberdade de construir “O Plano”. O dito plano que parece perfeito aos nossos olhos, que praticamente traça todo o caminho e nos acondiciona a dizer: “Não tem como falhar!” ou “Vai dar certo porque ninguém nunca pensou igual a mim”. E a partir desse ponto, achamos que este é o único item a ser levado em nossas mochilas de aventureiros. E assim, inocentemente, partimos em busca do nosso tão sonhado Eldorado.

Tal despreparo que nos reveste no começo da jornada é necessário, acredito eu, apesar do subsequente processo de aprendizagem, o qual é doloroso. Deste modo, a aventura não demora muito para mostrar a sua verdadeira face, totalmente diferente do que imaginamos. E agora, eu entendo mais do que poderia entender há anos atrás (E entendo menos do que entenderei daqui alguns anos) o quão erronêa é nossa percepção quanto a TUDO. No caminho nos deparamos com tantos obstáculos e imprevistos que não me surpreendera o expressivo número de aventureiros que desistem. Abandonam sua mochila, seu caminho, seu ideal e se entregam à imutável monotonicidade da "vida comum". E isso é doloroso de assistir, pois a cada minuto que prossigo nesta estrada temo que o mesmo possa acontecer comigo.

“Mas logo agora? Tão longe de onde parti? O meu destino parece tão próximo de mim”

A perspectiva é cruel com os sonhadores. O êxito sempre parece estar na próxima esquina, no próximo quilômetro. Mas, não! Ele ainda está longe, pelo menos para mim. E quando me deparo com a dificuldade de responder a simples pergunta: “O que você faz?” ou “O que você quer fazer da vida”; vejo o quão instável é este terreno que piso, e traiçoeiro também.

“Por que é tão dificil querer fazer o que ama? Ter que sacrificar certos padrões para atingir este objetivo?"

Vendo todas essas perguntas feitas nesse texto, vou tendo ainda mais noção da complexibilidade embrulhada em minha decisão. Além de assistir ao vivo o quanto isso influencia em mim hoje, principalmente em estado de psicológico: Como se eu assistisse o rumo da minha vida deslizar-se pelos meus dedos e eu, totalmente vunerável, não consigo fazer nada para impedir. Exatamente assim, sem o controle das coisas.

“Parecia tão mais simples no meu plano, Deus!”.

Porém, digo a vocês que tomo a decisão de continuar nessa aventura. Apesar, é claro, de admitir que é necessário realizar certas mudanças. Não no percurso, mas em mim. Eu já caminhei, sacrifiquei e acreditei tanto que não acho justo entregar-se ao fim. O fardo é dificil e chego, às vezes, pensar que não vale a pena desejar viver um sonho. Mas algo no fim desta estrada me dá tanta esperança que só saio do meu alvo a força. Posso dizer que me tornei alguém obcecado pelo final da estrada.

E você, sonhador, que passa pela mesma aventura que a minha e talvez esteja no meu lado nessa missão, lhe digo: Não entregue-se. Os vales, os rios e frescor da paisagem que o cerca na estrada é tentador, eu sei. Mas que tais maravilhas sejam apenas descansos para tua jornada, não morada. O teu sonho vale mais do que isso. Ele não só é o lugar que tu verdadeiramente precisas, mas também o lugar que você quer estar E isso é o mais importante..

sexta-feira, 14 de março de 2014

A Copa das Copas

O povo brasileiro é ingrato mesmo. Como pode? Um evento da magnitude que é a Copa do mundo está prestes a ser realizado no país. E o que eles fazem? Protestam. Onde já se viu: ser contra a copa. Deveriam ficar agradecidos, pois o Brasil ganhará repercussão internacional através do evento. Todos estarão de olho nele.

E daí se faltam escolas, hospitais, infraestrutura ou Segurança? Não se faz copa com essas coisas! E daí se há corrupção e desvios de verbas ou superfaturamentos? A culpa é de vocês que elegeram tais políticos safados. Vocês deixaram isso acontecer. O futebol não tem nada a ver com os problemas do país. Se há culpados em relação a situação atual da nação, eles são vocês!

Suspiro...

Olha, Brasil. A copa tem o potencial de trazer tantos beneficios a vocês. É só parar pra observar quantos legados ficarão: estádios, por exemplo. Imagine como serão lindos, a partir de agora, os jogos dos campeonatos nacionais. Serão realizados em campos de primeira linha. Do nível da Europa. Imagine como os seus vizinhos Sul-americanos invejarão as arenas, com dizeres do tipo: “Poxa, como os estádios no Brasil são modernos”. 

IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) menor que o da Argentina? Taxa de homicídio maior do que no Chile? Educação mais precária do que a do Uruguai? Que se dane tudo isso! Temos estádios de primeiro mundo.

“Chupem!”, diria eu.

“Mas eles prometeram mais do que apenas estádios”, “prometeram transportes de qualidade e Aeroportos”, “prometeram um país melhor” e “Blá! Blá! Blá!”. Tá, tá. Mas não deu tempo, oras! Quanto tempo foi dado ao Brasil para se preparar pra copa? 7 anos? Isso é MUITO pouco! Vocês deveriam levantar as mãos para o céu e agradecer por terem, pelo menos, campos para realizar o campeonato. Vocês são muito mal-agradecidos. Tão reclamando de quê?

O importante é que a festa será grande. Pessoas felizes nas ruas de todas as classes, etnias e nacionalidades celebrarão a maior festa de todas. E é claro que os jogos não estarão ao alcance financeiro de todos, devido ao preço dos ingressos. Mas tudo bem, né? Vocês são o povo do carnaval! Da alegria! Da festa! E deveriam se preocupar com somente uma coisa, o futebol. Ficam por aí, reivindicando, pedindo melhorias, fim da corrupção. O que tudo isso tem a ver com o torneio? Nada! 

Então, meu povo, preocupem-se só com a copa. Esqueçam esse negócio de protestos, mudanças e o escambal. Vamos celebrar! Quando o evento acabar, aí sim, vocês pensem em pedir alguma coisa. Só por favor, não me façam passar vergonha!

Aqui é Roselina Rouzefa, presidente do Brasil. E tenham todos uma boa noite e uma ótima... Copa.